17 de ago. de 2009

Volta às Aulas


DESABAFO


Hoje nossas crianças voltaram às aulas depois de 2 semanas de adiamento.

Lembrei-me que voltar das férias escolares de meio de ano era sinônimo de rever colegas, contar as novidades, observar as diferenças físicas dos amigos (mais altos, mais gordinhos ou mais magrinhos, mais desenvolvidos...) e rever os professores favoritos. Lógico, também tinha o lado chato como rever os professores que nos causavam cólicas, matérias novas, provas, testes...

Era a oportunidade de tínhamos de voltar a frequentar a biblioteca, a cantina, malhar na educação física tentando recuperar a maleabilidade esquecida nas férias, acordar cedo, fazer o dever de casa...
Mas tudo isso mudou.

Hoje nossas crianças voltaram às escolas com medo. Medo no olhar da meninada, medo no olhar das mães.

Elas precisam estudar mas, sob que preço? Correndo o risco de serem acometidos de uma gripe que vem perturbando a vida do planeta, a paz de nossos lares?

Sérias e rigorosas orientações foram dadas logo no portão de entrada: sem abraços, sem beijos, lavem as mãos de 15 em 15 minutos, garrafas de álcool em gel espalhadas em cada sala, utilizar sua própria garrafa de água, só faltou entregarem máscaras nas salas...

O medo e o terror tomaram conta deste retorno às aulas.

Como manter as crianças a um metro de distância umas das outras em salas em que estudam mais de 30 alunos? Como afastá-los na hora do recreio?

Vamos rezar para que ninguém adoeça. Já teremos que enfrentar a reposição das aulas perdidas, e todos sabemos que recuperar tempo perdido é complicado. Aulas aos sábados, redução do tempo para curtir a infância ou a adolescência, tudo por conta de um vírus mutante que nos tira a paz de espírito.

Foi triste. Foi assustador. E assim será até que essa onda passe e retorne o maremoto chamado dengue.

Em breve nossos filhos estarão indo para a escola em um novo uniforme: capas plásticas da cabeça aos pés, evitando qualquer contato.

Mais um modo de nos afastarmos uns dos outros.

É triste de se observar a neurose em que se instalou em nossas vidas, em nossas casas, em nossas escolas...

Até quando? Aos profissionais da saúde pública: quero soluções, quero minha vida de volta, quero receber meus filhos que estão chegando da escola e perguntar como foi o dia, o que aprenderam, e não se eles se cuidaram, se lavaram as mãos, se alguém espirrou ou tossiu perto deles. Quero minha sanidade de volta.

Já não basta matar um leão por dia? Já não basta convivermos com a violência?

Qual será a próxima guerra silenciosa que nos obrigarão a enfrentar?


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